Muito temos falado sobre a importância da inteligência emocional na advocacia, mas infelizmente por mais que o assunto, IE, já venha sendo abordado há algum tempo parece que um dos profissionais mais relutantes em trabalhar essas importantes habilidades seja exatamente o advogado.
Se já existem profissionais dessa área que têm se destacado na condução de grandes negociações empresariais, pela forma de agir em seus processos judiciais, nas mediações, conciliações e arbitragens, outros se mostram infelizmente, os maiores inviabilizadores da resolução de conflitos, não sendo poucos os casos em que a má postura do advogado foi responsável por um acordo interessante e desejado pelas partes não ter se consolidado. É triste mas ainda há aqueles que se destacam pela especialidade em agravar problemas, disputas, os grandes dificultadores da resolução de conflitos.
Quando falamos de inteligência emocional e do quanto ela é essencial na advocacia pós pandemia vemos que essas habilidades bem trabalhadas trazem uma maior capacidade de domínio tanto das próprias emoções quanto também de conseguir ter empatia pelo cliente mas sem tomar as dores deste de modo a trazê-las irracionalmente para si, podendo orientar adequadamente o comportamento deste não para acirrar disputas mas para atingir maior sucesso nas negociações e na resolução de questões jurídicas otimizando os resultados. Hoje é inegável que o advogado que melhor consegue se relacionar com seus pares e interlocutores do processo leva vantagem pois sabe contornar eventuais provocações, ironias e ofensas e consegue algo ainda melhor, impedir que seu próprio ego impacte negativamente na resolução da controvérsia se preocupando com o que realmente interessa, assim alcançando uma real satisfação para seu cliente.
Hoje nossa postura profissional deve ser de respeito, empatia, transparência, ética, e colaboração. Se antes, nos muitos anos em que se privilegiou e estimulou a judicialização para resolução de controvérsias, alguns desses valores poderia ser visto eventualmente como um sinal de fraqueza e falta da combatividade, na atualidade, em que se incentiva as práticas de solução consensual de conflitos como mediação, conciliação, círculo da paz, direito sistêmico, temos claro que o profissional melhor preparado é o mais inteligente emocionalmente. Sim, é esse advogado o mais capaz para o eventual confronto sendo muito mais eficiente que o que tem a agressividade como característica predominante, pois contará com “armas” diferenciadas e, consequentemente, com melhores estratégias para uma “batalha” negocial ou judicial, se necessário for.
Atitudes simples como um sorriso, um elogio na hora certa, a capacidade e respeito para ouvir e aceitar opiniões divergentes das suas, o uso do tom de voz adequado, o uso da empatia nas negociações, reuniões e audiências, o gerenciamento emocional de si e de seu cliente, podem fazer toda a diferença no resultado final. Portanto, a inteligência emocional para nós advogados e advogadas, seja em qual for nossa área de atuação no Direito obviamente aliada à excelência técnica, tem peso decisivo no melhor desempenho profissional.
Não nascemos prontos, somos seres em construção, assim podemos sempre melhorar como pessoas e da mesma forma como profissionais, para tanto precisamos ter humildade de perceber em nós características que podem estar nos prejudicando e também aos nossos clientes, e trabalhar esses pontos. É tempo de melhorar a si mesmo e se tornar a inteligência emocional decisiva na resolução dos conflitos em que venha atuar.
Por: Dynair Alves de Souza, advogada cível e empresarial há 25 anos, mestre em Direito obrigacional público e privado pela UNESP- Franca/SP, master coach e mentora de carreira e negócios para profissionais liberais e empreendedores, cocriadora do programa “Advocacia 5.0 de sucesso”, presidente da Comissão de Gestão Estratégica e Liderança na Advocacia da ABA Mato Grosso. Para nos conhecer acesse: dynairsouza.com.br, IG: @dynairsouza; @advocaciadynairsouza; @adv5.0desucesso; Linkedin: @dynairsouza
Originalmente publicado em: https://www.olharjuridico.com.br/artigos/exibir.asp?id=1056&artigo=o-advogado-nao-precisa-ser-o-problema-antes-deve-ser-inteligencia-emocional-decisiva-na-resolucao-dos-conflitos